Na sala de jantar a velocidade das informações, as hashtags, irrelevantes e efêmeras são servidas à mesa. Uma dieta a base de emojis, gifs e sensacionalismo. Frios e desconhecidos em um mesmo cômodo. Seguimos beliscando uma porção de assuntos requentados. Ora somos garçons, ora somos clientes do que parece ser um restaurante sem critério. Mesmo assim comemos até não poder mais.
Passamos por entrada , prato principal e sobremesa várias vezes.
Vamos do céu ao inferno. Tomamos likes e rivotril no mesmo prato. Conectados e inertes. Juntos e anestesiados. Depressivos e contagiados. Seguimos em uma degustação calados. Não olhamos os olhos uns dos outros. Não falamos de qualidade, vamos na quantidade. Anúncios passam diante de nós como cadáveres que nos sorriem. Comemos quente, queimamos a língua, lábios, amigos e as pontas dos dedos. Não trabalhamos aqui, apenas apertamos os botões. Nascemos e morremos.
E quem ao nosso lado falece, segundos depois não importa, chega a sobremesa. Doces lisérgicos. Das DSLS aos LSDS. De um alou a unfollow. Dos agrotóxicos aos detox. Dos crossfits aos burnouts. Das glocks aos blocks. Dos ouviram do Ipiranga aos ouviram no zap. Vamos ordenados seguidores, apóstolos de memes, mastigando o pão doce da última fake ceia.  (Texto: Gabriel Gariba)